ARQUEOLOGIA SUBAQUÁTICA

ARQUEOLOGIA SUBAQUÁTICA

O CPAS teve um papel pioneiro no Mergulho Amador e na Arqueologia Subaquática em Portugal.

As colecções de arqueologia estão depositadas no CPAS e são parte integrante do Museu Municipal da Vida Subaquática e da História Submersa.

Arqueologia Subaquática

HISTÓRIA

No ano de 1959, o CPAS em colaboração com o então Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia José Leite de Vasconcelos, iniciou um conjunto de missões de recolha de materiais arqueológicos em meio submerso, que se prolongaram até à década de 1970, numa área estuarina de fundão, contígua ao Complexo Industrial Romano da Península de Tróia.

Em 1968 a Secção de Arqueologia adquire o estatuto de Departamento, devido à crescente reunião de colecções de diversas regiões e contextos, representativas da multiplicidade de arqueosítios submersos, tais como, naufrágios, zonas portuárias e locais de ancoradouro. Estas peças estão na origem das colecções actuais do Núcleo de Arqueologia.

Outro contributo do CPAS, para a arqueologia subaquática, data de 1970. No âmbito das dragagens do leito do Rio Arade, em Portimão, foram identificados vestígios de uma embarcação antiga depositada no fundo do estuário (designada Arade 1). Esta descoberta suscitou a intervenção de uma missão de emergência protagonizada por elementos do CPAS, com o objectivo de proceder ao registo cartográfico e fotográfico, assim como a obtenção de amostras de madeira para análise (C – 14).

AS COLEÇÕES

Coleções no Museu Municipal da Vida Submersa

ÉPOCA ROMANA

O núcleo é também constituído por contentores oleários (para transporte de azeite) e vinários (para transporte de vinho). A proveniência deste tipo de testemunhos (Península Itálica, Norte de África, Baetica, e diversos pontos da Lusitania), demonstram que Tróia seria um importante entreposto comercial na complexa rede do tráfego marítimo característico da época romana – o maior complexo industrial de fabrico de Garum de todo o Império Romano. Existem no acervo do Museu dezenas de ânforas, nomeadamente os tipos correspondentes a contentores de produtos piscícolas que estarão intimamente ligados à dinâmica produtiva do complexo industrial de Tróia.

Paralelamente, o mesmo sítio subaquático, local de rejeição do próprio complexo fabril romano de Tróia, no qual entrevemos a possibilidade de ter desempenhado as funções de ancoradouro, forneceu ainda outro tipo de vestígios arqueológicos. Destes, destacam-se os seguintes materiais: moedas, cerâmica de construção, cerâmica comum de cozinha, mesa e armazenamento, cerâmica fina de mesa (Terra sigillatae “paredes finas”), fragmentos de recipientes em vidro e almofarizes utilizados na indústria de preparados de peixe.

Como vestígios de actividades piscatórias e náuticas, regista-se ainda a presença de anzóis, pesos de redes de pesca, agulhas de coser redes, pregos e cavilhas de construção naval.

Além destes vestígios arqueológicos da Antiguidade de proveniência subaquática, existem também testemunhos de presenças náuticas – cêpos de âncoras romanas em chumbo – recolhidos ao largo do Cabo Espichel. Esta última zona é, aliás, o local de origem da maior parte dos elementos de âncoras romanas registados nos inventários nacionais de património arqueológico subaquático.

ÉPOCA PÓS-MEDIEVAL

Este núcleo é caracterizado pelos seguintes conjuntos de peças:

  • Faianças portuguesas do século XVII (algumas restauradas pelos serviços de Conservação e Restauro do Gabinete Técnico do Teatro Romano de Lisboa)
  • Objectos náuticos e de equipamento de bordo (balas de mosquete, ponteiros e uma lamparina de bordo de suporte com sistema “cardan”)
  • Objectos pessoais e de uso quotidiano (fivelas de cintos, crucifixos, asas de grandes recipientes de cozinha e uma taça fina de mesa em prata)
  • Pacotilha destinada ao comércio nas costas de África (missangas) e elementos utilizados no tráfico de escravos (malungas). Estes conjuntos são oriundos de prováveis sítios de naufrágio ou de locais de ancoradouro nas Ilhas de Cabo Verde. A presença de concreções nas peças recolhidas ao largo da Ponta do Leme Velho, Ilha do Sal, que associam fragmentos de faiança com projécteis e missangas, reforça a probabilidade de ter naufragado, nesta zona, um navio português em finais do século XVII.
  • Conjunto de cavilhas de cobre e de fragmentos de madeira provenientes do sítio de naufrágio de uma embarcação do século XIX afundada no Tejo, Trafaria. Do mesmo local existe um pequeno conjunto de elementos de carga (peles de animais – ainda em estudo)
  • Objectos de uso quotidiano oriundos de sítios de naufrágios em Cuba (oferta da Academia das Ciências de Cuba)

ESTUDOS ARQUEOLÓGICOS DO CPAS

Estudos arqueológicos com intervenção direta do CPAS

CONCHEIRO DE SALAMANSA

Foi estudado um sítio arqueológico correspondente a um concheiro em Salamansa, na ilha de S. Vicente, Cabo Verde, datável de época pré-colonial, segundo análises de C-14.

As escavações, promovidas pelo CPAS, tiveram o apoio do Ministério da Cultura de Cabo Verde, ex-JNICT e da ex-Comissão dos Descobrimentos Portugueses, sob a responsabilidade do Professor Doutor João Luís Cardoso.

O CPAS promoveu, desde 1998, 2 fases de escavações arqueológicas no Concheiro de Salamansa em Cabo Verde. Para dirigir estas escavações convidou o conceituado arqueólogo Professor Doutor João Luís Cardoso, Presidente da Secção de Arqueologia da Sociedade de Geografia de Lisboa e Vice-Secretário Geral da Academia Portuguesa de História, entre outros cargos e funções que acumula com a de Professor Universitário.

Na conferência que se realizou em 17 de Junho de 2005, foi apresentada a primeira comunicação oficial em Portugal sobre a investigação arqueológica efectuada e promovida pelo CPAS com o apoio do Governo de Cabo Verde, ex-JNICT e da ex-Comissão dos Descobrimentos Portugueses.

Os resultados obtidos, confirmam o enorme interesse que esta descoberta teve para a comunidade científica, para a História em geral e para a História de Cabo Verde em particular – a da presença Humana na ilha de S. Vicente, no séc. XVII.

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